O céu ainda estava escuro quando Alicia colocou as últimas malas no carro. O táxi esperava em silêncio na porta do prédio, o motorista distraído, mexendo no rádio. A cidade dormia, indiferente à decisão que ela acabava de tomar — abandonar tudo, todos, e desaparecer.
Ela olhou mais uma vez para o prédio onde tantas memórias tinham se acumulado em tão pouco tempo. Um apartamento que mal havia começado a ser um lar, e que agora só guardava os vestígios de um coração em pedaços. Respirou fundo e não olhou para trás.
No banco do táxi, entre as malas, mantinha as mãos firmes no colo. Tremiam levemente. Não era medo. Não era coragem. Era a sensação de estar deixando um pedaço de si mesma ali. Mas também era libertação. Um recomeço. Uma fuga. Uma tentativa de não se perder completamente.
Não se despediu de ninguém, exceto das amigas mais próximas. Júlia e Marisa sabiam da viagem, respeitaram sua decisão, mesmo que estivessem apreensivas.
— Você tem certeza, Alicia? — Marisa perguntou pel