CaíqueAcordo com o som das mensagens chegando no celular. Ainda meio sonolento, estico o braço para pegá-lo na mesinha de cabeceira. A claridade da tela quase me cega, mas reconheço o nome da Larissa na notificação.Lari: Precisamos conversar. Coisa boa. Me liga quando acordar.Reviro os olhos, mas um sorriso já está surgindo nos meus lábios. Larissa sempre tem um jeito dramático de dar as notícias. Me espreguiço e levanto, indo até a cozinha. O cheiro do café que ficou na garrafa de ontem ainda está presente, mas prefiro preparar um novo.Enquanto a cafeteira trabalha, encosto na bancada e finalmente ligo para minha irmã. Ela atende no segundo toque, com uma animação que eu quase nunca vejo.— Bom dia, dorminhoco!— Bom dia, senhora Larissa. Fala logo, que mistéri
MayaraAinda estou com a cabeça na rotina do trabalho quando recebo a mensagem de Caíque. Ele pergunta se podemos jantar na casa dele hoje, só nós três. Um sorriso meio bobo aparece no meu rosto. Respondo que sim, tentando não parecer empolgada demais. Quando dá o horário de buscar o Gu na escola, saio do escritório em que trabalho e faço o caminho apressadamente. Chego a tempo de ouvir o sinal da escola tocar, enquanto espero Gustavo no portão, como sempre. Ele vem correndo na minha direção, cheio de energia, e me dá um abraço apertado.— Mãe, o papai vem buscar a gente? — pergunta, os olhos brilhando de expectativa.Quando vou falar que não sei, pois não perguntei para ele quando nos falamos mais cedo, avistamos Caíque atravessando a rua. Ele vem em nossa direção com aquele sorriso tranquilo, e só de vê-lo ali, sinto meu peito aquecer.— Oi, May — ele cumprimenta, passando o braço por minha cintura e me dando um beijo rápido na boca, claramente não se importando em sermos vistos ju
CaíqueO barulho do teclado ecoa pela sala, enquanto termino de revisar os últimos documentos que tenho que entregar. É impressionante como as coisas mudaram tão rápido. Há algumas semanas, eu estava pensando na possibilidade de deixar a cidade para trás mais uma vez. Agora, estou aqui, preenchendo formulários para começar em um novo emprego na próxima semana.Consegui um trabalho em uma nova empresa, nada tão glamoroso quanto a oferta anterior, mas, para ser honesto, parece bem mais significativo. Terei a chance de começar do zero em um novo lugar, pois, não aguentava mais onde estava, e acho que nunca valorizei tanto uma oportunidade. O mais importante é que estarei trabalhando de casa e vou poder continuar perto de Mayara e Gustavo, sem precisar sacrificar minha vida familiar.O celular vibra em cima da mesa, e vejo ser uma mensagem da Larissa, m
MayaraA nossa manhã começa agitada, como era de se esperar. A casa está uma verdadeira bagunça, cheia de balões coloridos, bandeirolas espalhadas e um bolo enorme sobre a mesa montada na sala. Gustavo está radiante, correndo de um lado para o outro, e eu me pego sorrindo enquanto confiro se tudo está em ordem mais uma vez.Caíque surge na sala, trazendo mais algumas cadeiras da garagem. Ele parece tão empolgado quanto o Gustavo, e não consigo evitar sentir meu coração aquecido ao vê-lo tão comprometido com tudo isso.— Acho que nunca organizei uma festa tão grande — ele comenta, me olhando com um sorriso cúmplice.— Não é tão grande assim. Só chamamos os amigos mais próximos, meus pais e seus irmãos — digo, tentando me convencer também.— Ainda assim, parece uma reunião de família completa — ele brinca, me puxando para um rápido beijo no rosto.Faz alguns dias que entramos no assunto de como iríamos comemorar o aniversário do Gu. Todo ano, ele comemora na escola, com os amigos e prof
CaíqueAcordo com o sol entrando pela janela, espalhando raios dourados pelo quarto. Viro para o lado e vejo Mayara ainda adormecida, os cabelos espalhados pelo travesseiro. Não consigo evitar um sorriso ao perceber que, depois de tantos altos e baixos, finalmente estamos aqui, juntos, planejando um futuro. E mesmo não sendo a primeira vez que acordo ao seu lado, ainda me sinto impactado com sua imagem.Levanto devagar para não acordá-la e vou até o quarto do Gustavo, que já está em pé, mexendo nos brinquedos.— Bom dia, campeão — digo baixo, entrando no quarto.— Bom dia, pai! Posso abrir esses presentes? — Aponta para alguns pacotes.— Pode ser depois? Precisamos comer.— Tá bom. Então, vamos tomar café? — ele pergunta, com os olhinhos brilhando.— Vamos. Só vou chamar sua
MayaraDesde o pedido formal feito na cozinha, eu e Caíque entramos em um outro nível: organizar nossa casa e casamento.Organizamos as nossas coisas na casa do Caíque que por ser maior, foi a escolhida para morarmos. Aproveitei minhas férias e fizemos uma mudança. Agora, estamos focamos no casamento, quero cuidar desses detalhes enquanto estou sem trabalhar.Por esse motivo, enquanto comemos, começo a falar dos preparativos para o casamento.— Pensei que poderíamos fazer uma cerimônia pequena, só com os amigos mais próximos e a família. O que acha? — pergunto.Caíque parece refletir por um momento antes de responder.— Gosto da ideia. Nada muito exagerado, algo intimista. Quero que o Gustavo se sinta parte de tudo.— Ele pode ser o pajem — sugiro, imaginando nosso filho entrando com as alianças.Gustavo, que até então estava distraído com o suco, nos olha curioso.— O que é pajem?— É quem leva as alianças no casamento — explico.Os olhos dele se iluminam.— Você vai usar terno? — Gu
CaíqueFecho a porta da nossa nova casa e, por um momento, tudo fica em silêncio. Só eu e ela. Respiro fundo, ainda com emoção em meu peito, quando tive a imagem da Mayara vestida de noiva, sorrindo para mim enquanto caminhava até mim. A cerimônia foi emocionante, a festa cheia de alegria, e mesmo amando cada minuto de como estava sendo o nosso casamento, eu não via a hora de estarmos sozinhos. E agora, chegou esse momento.— Finalmente — murmuro, puxando Mayara pela cintura.Ela ri baixinho e envolve meus ombros com os braços.— Cansado? — ela pergunta, encostando a testa na minha.— Nem um pouco. Estou cheio de energia. — Sorrio e deixo um beijo leve no canto dos lábios dela.— Então você está em vantagem. Acho que eu poderia dormir por uma semana inteira. — Finge abrir a boca de sono e ga
Meses depoisMayaraEu sabia que alguma coisa estava errada desde ontem. Passei o dia no trabalho, com mal-estar. Pensei que ao acordar estaria melhor, mas acordei com aquela mesma sensação de enjoo, mais forte, o que começou a me preocupar. Imaginei ser nervosismo pelo novo projeto que está sendo implementado no escritório e que com isso, tive um certo aumento de trabalho, ou talvez, fosse algo que comi, mesmo não tendo comido nada diferente.— Mãe, você tá bem? — Gustavo me pergunta, os olhos curiosos enquanto coloco o café na mesa.— Tô, sim, filho. Só um pouco enjoada.Ele faz uma careta engraçada, como se tentasse entender o que isso significa. Passo a mão pelo seu cabelo, tentando disfarçar, não querendo preocupá-lo. Talvez seja só uma indisposição passageira.Depois de deixar Gustavo na escola, volto para casa e me jogo no sofá, tentando acalmar meu estômago com um chá de camomila. Mas nada parece ajudar. Minha cabeça está cheia de pensamentos desconexos, tentando entender o qu