Caíque Bueno, herdeiro de uma família tradicional e abastada, vê seu mundo, até então perfeitamente organizado, ser abalado ao cruzar com Mayara Gomes, uma garota de origem humilde, mas com uma determinação inabalável. Encontros inesperados dão origem a um amor proibido, mas o relacionamento é impedido por uma sociedade que julga pelas aparências e pelas diferenças sociais. Enquanto Caíque luta contra as imposições familiares e os preconceitos de seu meio, Mayara enfrenta os desafios diários de uma vida difícil e precisa lutar por seus sonhos. Quando boatos e crises ameaçam separá-los, ambos embarcam em uma jornada repleta de discussões e reviravoltas, na qual o verdadeiro valor do amor será posto à prova. "Em Busca do Seu Perdão" é a história de dois corações que, apesar de pertencerem a realidades tão distintas, vivem um relacionamento turbulento, marcado pelo afastamento e reencontro. No fruto do amor, encontram a força para dar uma segunda chance à sua história e alcançar um final feliz.
Ler maisNo presente…
Mayara Quando acordei essa manhã e saí de casa, imaginei que seria mais um dia como todos os outros. Seguindo a rotina apressada, não imaginei o rumo dos acontecimentos. Agora, estou arrependida de estar aqui. Se eu soubesse, não teria levantado da cama. Deveria ter ficado em casa, ou melhor, deveria estar longe dessa cidade. Mas seria possível mudar tudo agora? Ou melhor, seria justo eu fazer isso sendo que não fiz nada de errado? Assombrada, olho para ele mais uma vez. Não pode ser. Não é possível ser verdade. Estou presa em um sonho? Pesadelo? Ou, estou tendo visões fantasiosas mesmo acordada? Fecho os olhos e chacoalho a cabeça tentando dissipar a visão, mas a imagem do homem a uma distância não se dissipa. Ele está de volta. Anos depois de ir embora e me deixar aqui, ele está de volta. Mesmo sem controlar meus pensamentos, volto para quando o conheci. Éramos jovens demais, adolescentes imaturos, estudantes sonhadores e extremamente apaixonados. Na época, eu acreditava que íamos viver uma linda história de amor. Realizar cada um dos sonhos que traçamos juntos, formar uma família, envelhecer um ao lado do outro. Mesmo em meio aos problemas e por sermos de mundos diferentes, eu acreditava que conseguiríamos passar por tudo isso. Por cada amargura da sua família, por cada apontamento, mentira e xingamento que vinha da elite em que ele estava inserido contra nosso relacionamento. Mas eu estava enganada. Após uma briga, ele foi embora e eu fiquei. Ele foi viver sua vida longe enquanto eu tive que pegar os meus cacos e dar o meu melhor porque não tinha outra possibilidade. Não imaginava revê-lo, muito menos me sentir tão afetada em sua presença. Mas, quando o vejo parado em um ambiente que costuma ser um dos meus preferidos nessa pequena cidade, meu coração quebrado reabre cada uma das suas antigas feridas e sangra com ainda mais força. Vergonha. Saudade. Raiva. Dor. Confusão. Ressentimento. Sempre sinto parte de tudo isso quando olho para o nosso filho e percebo as semelhanças entre os dois. O mesmo olhar doce, o tom dos cabelos e os traços bonitos. A mesma esperteza e leveza, o mesmo coração bondoso. Toda vez que o pequeno fruto do que vivemos me mostra parte da sua inocência, sorrio com tristeza ao lembrar do seu pai. A cada vez que o pequeno me abraça e me diz palavras bonitas e encorajadoras, tenho vontade de chorar de tanto amor. A sua pouca idade parece desproporcional com a inteligência e bagagem. Recordo do meu primeiro e único amor em cada detalhe e vivência, mesmo com vergonha de admitir em voz alta. Não consigo entender como chegamos a nos perder, mesmo acreditando tanto em nosso sentimento tão genuíno. Mas aconteceu. Nos perdemos, nos afastamos e tudo acabou. Agora ele está de volta e desta vez, esse turbilhão me invade de forma ainda mais intensa com o retorno dele. E, para ser sincera, o que mais me machuca é ele estar de volta e eu não ser o motivo.GustavoTem dias em que tudo parece meio em câmera lenta. Tipo hoje. O sol tá se pondo devagar lá fora, pintando o céu de laranja, e eu tô sentado na escada da varanda, com os cotovelos nos joelhos e a cabeça cheia de coisa. A casa tá cheia do barulho de sempre — risada da minha irmã, panela batendo na cozinha, meu pai cantando desafinado alguma música antiga. É tudo muito normal. Mas, ao mesmo tempo… sei lá. Nada é só normal quando você presta atenção de verdade.— Gu, olha só! — a voz da Isabela corta meus pensamentos, aguda como sempre. Ela corre na minha direção com um copo na mão, metade cheio de alguma poção maluca feita com groselha, leite e, provavelmente, sabão.— Não me dá isso. Da última vez quase vomitei — digo, fazendo careta. Ela ri como se fosse a melhor piada do mundo.— É só groselha! Tá, talvez tenha um pouquinho de pimenta…Reviro os olhos, mas sorrio. A Isa tem sete anos, mas às vezes parece que ela veio com o dobro de energia e criatividade. Meu pai diz que ela pux
CaíqueAs manhãs aqui em casa são barulhentas, bagunçadas e incrivelmente vivas. O despertador raramente é necessário, porque Isabela é sempre a primeira a pular na nossa cama, rindo e fazendo bagunça, falando um monte de histórias e pedindo panquecas. Gustavo já se acostumou com a nova rotina, agora que é o irmão mais velho, acha que tem a missão de ajudar em tudo, nos afazeres diários e cuidados com a caçula. E eu, bom, eu acordo todos os dias pensando na sorte que tive por ter escolhido ficar. Na verdade, a sorte começou quando conheci a Mayara.Agora mesmo estamos na cozinha. Mayara veste uma roupa simples e um avental florido, cabelo preso em um coque alto malfeito com alguns fios bagunçados, sorriso largo no rosto. Com o braço ágil, ela mexe a massa na tigela enquanto canta baixinho uma música infantil, dessas que ela ouviu quando Isabela pediu para assistir na televisão enquanto dançava. Isabela está sentada no seu cadeirão, balançando as pernas e batendo as mãos na bandeja, ob
MayaraA brisa da tarde entra suave pela janela da sala, balançando as cortinas com um ritmo preguiçoso. O sol espalha um dourado quente pelos cantos da casa, iluminando os brinquedos espalhados, os desenhos coloridos colados na geladeira e os diversos porta-retratos nos móveis que contam parte de nossa história.Como faço sempre que me aproximo dos registros de nossas lembranças, observo cada fotografia com um sorriso no rosto e felicidade em meu coração. Acompanho o crescimento do meu filho. O desenvolver da minha filha. Fotos com Caíque, do nosso casamento, festas, encontros com amigos e familiares, diversos momentos felizes. Aqui está o refletido o passar do tempo para nossa família. E é lindo.O som da caneca no fogo, me avisa que o meu chá está pronto. Vou até lá e me sirvo da bebida. Sento no sofá com uma xícara de chá ainda quente entre as mãos. Posso ouvir as risadas vindo do quintal. Caíque está com as crianças lá fora, brincando de pega-pega com Gustavo e a pequena Isabela,
GustavoEstou esperando no pátio da escola, chutando uma pedrinha de um lado para o outro enquanto vejo os outros pais chegarem para buscar seus filhos. Todo mundo já foi embora, e eu começo a ficar preocupado. Será que esqueceram de mim?Minha mãe e meu pai não me trouxeram para a escola. Precisaram ir no médico. Tio Dan me trouxe e falou que estava tudo bem, então achei que meus pais iam me buscar, né?Mas ninguém veio ainda. Olho para os lados quando meus últimos amigos vão embora, é quando vejo o tio Daniel vindo em minha direção, com aquele sorriso grande que ele sempre tem. Ele acena para mim, e eu corro para ele.— E aí, carinha! — ele diz, bagunçando meu cabelo.— Oi, tio! Cadê a mamãe e o papai? — pergunto, meio desconfiado.Ele se abaixa na minha frente e coloca as mãos nos meus ombros.— Tenho uma supernovidade para você! — ele diz, fazendo uma cara misteriosa.Arqueio as sobrancelhas, curioso.— O que é?— Seus pais foram para o hospital porque sua irmãzinha vai nascer!Me
CaíqueAcordo com um toque leve no meu braço e, no mesmo instante, sinto um aperto no peito. Olho para o lado e vejo Mayara sentada na beira da cama, respirando fundo.— O que foi? — pergunto, já me sentando em alerta.— Acho que… — Ela faz uma pausa e segura minha mão com força. — Acho que chegou a hora.Meu coração dispara. Não sei se estou pronto para esse momento. Na verdade, ninguém está realmente pronto para isso, né? Mas não tem escolha. É agora.— Tudo bem, tudo bem — digo, tentando manter a calma, mas sinto minha voz trêmula. — Vamos para o hospital.Levanto rapidamente e ando pela casa, confuso no que devo fazer. Começo a pegar as malas que deixamos prontas há semanas no quarto infantil que decoramos há meses.— Caíque? — Mayara me chama suavemente. Deixo tudo para trás e corro até ela. Quando me aproximo dela, segura minha mão de novo, e eu percebo que ela está mais calma do que eu. — Vai dar tudo certo, Caíque — ela sussurra, como se precisasse me tranquilizar.— Claro que
MayaraÉ impossível não sorrir ao olhar para o meu reflexo no espelho. O vestido azul-claro realça a curva da minha barriga redonda. A cerimônia de casamento da Gabi e do Daniel é hoje, e eu estou prestes a acompanhar a minha melhor amiga até o altar.Passei o dia com ela, assim como ela esteve comigo na minha vez. Vim para casa para me arrumar e conferir que Gu e Caíque estariam prontos no horário.— Mãe, você tá linda! — Gustavo comenta, entrando no quarto com o olhar curioso.— Você acha? — pergunto, ajeitando o cabelo preso em um coque elegante.— Sim! E seu vestido brilha!Solto uma risada, tocando o tecido acetinado. Gustavo está usando um terno minúsculo mais uma vez, e é a coisa mais fofa que já vi. Caíque aparece logo atrás, também de terno, com um sorriso encantador.— Prontos para o casamento? — ele pergunta, me puxando pela cintura e me dando um beijo rápido na testa.— Prontíssimos — respondo, sentindo meu coração bater mais forte ao lembrar do nosso próprio casamento, qu
Último capítulo