Capítulo 5°— Frente à Frente

Desliguei o telefone, pulando de alegria. Finalmente consegui um emprego, depois de tantas tentativas.

Nicole veio jantar comigo em casa e conversamos a esse respeito.

— İncrível, Bea! Um emprego numa multinacional, mesmo sem ter experiência! É muita sorte!

Fiquei intrigada, matutando.

— Amiga, pior que não me lembrava de ter enviado um círculo para esta empresa. É uma exportadora de café. Já pesquisei tudo a respeito dela.

— Sério!

Eu estava eufórica!

— Ela tem sede em Minas Gerais, o Ceo é chamado de Príncipe do Café! Menina, estou ansiosa para começar logo! Eles precisam pra já!

Chegou o momento em que eu esperava. Achei que não iria conhecer o todo poderoso tão logo, mas veio uma moça simpática e anunciou:

— Senhorita Beatriz Gomes?

— Perfeitamente!— Me levantei sorridente.

— O senhor Ruan Medeiros vai atendê-la.

Respirei fundo ansiosa, ouvi o nome Ruan, achei familiar, mas o nervosismo não me deixava pensar direito. Segui a moça até a porta e entrei.

Ouvi a porta bater atrás de mim e senti um medo terrível.

Ele descansou os cotovelos na mesa e me sorriu tranquilamente.

— Será um prazer tê-la trabalhando aqui comigo, senhorita Beatriz Gomes.

Eu não sentia os pés no chão, como se o ar estivesse gelado, os adormecendo.

— Sente-se, por favor!

— O que significa isso?— eu não me sentei, estava em posição de alerta, como quem está pronta para fugir, caso perceba alguma situação ameaçadora.

— Você não mandou um currículo para cá? Simples, foi aprovada! Sente-se!

Eu sentei, mas minha boca não parava de falar, nervosa.

— Quem é você? Eu não vou trabalhar para…

— Um abusador?— ele me interrompeu.

— Não, não foi isso que eu quis dizer!— apavorada, incrédula!

Ele inclinou-se para frente, por sobre a mesa, falando baixinho e intimidador:

— Você também quis, não quis Bea?

— Você é um monstro! Estragou meu casamento, a troco de nada! Deve está se divertindo, às minhas custas!— desabafei quase chorando.

Ele riu cínico.

— Eu te livrei de um casamento sem amor, Bea! Devia me agradecer!

Era tão estranho como ele me chamava com certa intimidade e eu não percebia que tudo aquilo era um circo, armado para me atrair.

— Você não sabe da minha vida! — quase gritei.

Ele ficou sério e trouxe o corpo de volta, encostando-se na cadeira.

— Eu sei tudo sobre você!

Eu gelei. Não é possível, ele estava blefando!

— Eu sei que perdeu a sua mãe e precisa de trabalho, uma vez que não vai mais se casar!

Apertei os olhos, nervosa. Aquilo era um pesadelo de fato! Cheguei a pensar que ele pudesse ser um cliente que eu atendi e ficou obcecado por mim.

Eu me levantei decidida.

— Não posso aceitar esse emprego, você é um maníaco, devia se tratar!

Ele avançou até a porta e evitou que eu saísse. Comecei a tentar afastá-lo, em vão.

— Me deixe ir, ou vou gritar pra todo mundo ouvir! Aposto que ninguém aqui sabe que é um doente, não é?

Ele baixou a cabeça e sua voz saiu quase inaudível.

— Não vai mais acontecer, eu prometo.

— Me deixe ir!— eu insisti.

— Foi uma loucura, eu sei, mas você não amava aquele rapaz!

— Como você sabe, se não me conhece? Não sabe nada da minha vida!— eu falava com o queixo levantado, numa expressão de afronta.

— Você precisa desse emprego, Bea! Deixa eu te ajudar, por favor!

Cruzei os braços, já me balançando de nervoso. Como assim, ele estava implorando para me dar um emprego? Aquilo estava me assustando.

— Saia da minha frente, eu quero ir embora, agora!

Ele segurou os meus braços e suplicou:

— Prometa que vai pensar, por favor! Se não arrumar outro emprego, pode voltar, Eu prometo que não vou mais tocá-la, nunca mais!

O salário era muito bom, eu estava tentada, mas o mais sensato a fazer naquele momento, era passar por aquela porta e sair correndo. Foi o que eu fiz!

Ruan ficou me olhando incrédulo. Sua secretária se aproximou surpresa, curiosa.

— Está tudo bem, senhor? Aconteceu alguma coisa?

— Não me faça perguntas!— ele disse isso e foi virando-se de volta para a sala.

— Devo recrutar outra moça, senhor? Alguém que passe por uma entrevista, talvez?

Ruan fechou o semblante, e antes de bater a porta, retrucou com voz firme:

— Ela vai voltar, guarda a vaga dela!

Ruan se fechou na sua sala e a moça ficou falando ao vento, gesticulando confusa:

— Que vaga, não existe vaga nenhuma!

Lá dentro, Ruan ligava para jarbas, passando instruções.

— Quero que descubra se ela mandar curriculum para algum lugar, ela não pode arrumar qualquer emprego que seja! Quero vê-la implorar para trabalhar comigo!

Cheguei em casa afobada, desabafando com as paredes.

— Eu não volto lá, nunca mais mesmo! Eu passo fome, mas não volto!

Eu não imaginava como seria dali a alguns dias, não conseguiria nenhum emprego, nem uma entrevista sequer! O desespero iria me levar de volta ao mesmo caminho espinhoso, misterioso e inquietante! Minha vida já estava mudando, mas eu sabia que depois daquela noite, que me tirava o sono, não poderia ser diferente. Meu coração batia acelerado, só em pensar em ter que ver aquele homem todos os dias. Homem esse que eu devia odiar, mas que não saía da minha cabeça e desejava todas as noites!

Continue lendo este livro gratuitamente
Digitalize o código para baixar o App
Explore e leia boas novelas gratuitamente
Acesso gratuito a um vasto número de boas novelas no aplicativo BueNovela. Baixe os livros que você gosta e leia em qualquer lugar e a qualquer hora.
Leia livros gratuitamente no aplicativo
Digitalize o código para ler no App