Capítulo 3°— Depois de Tudo

Quando ele finalmente me penetrou, eu senti que nunca mais conseguiria retomar meu casamento, não encontraria o caminho de volta, não subiria jamais o altar com Daniel. Era um caminho sem volta, a Beatriz de antes não voltaria mais, eu não poderia mais ser a noiva que se guardou para o casamento.

Uma lágrimas escorreu pela minha face, enquanto o meu corpo estava feliz, querendo desesperadamente continuar com aquilo. Mas ele era um estranho! Eu gritava isso para mim, no meu eu, tentando acordar, reagir, mais o prazer me sucumbiu e me deixei levar por aquele estranho misterioso e sedutor.

O meu corpo ficou satisfeito, mesmo que tivesse sentido dor, o prazer superou qualquer incômodo.

— Eu sou louca!— começava a recuperar a consciência.

Ele se afastou lentamente, se desprendendo do meu corpo e eu senti um medo inexplicável. Como se estivesse entendendo finalmente a gravidade da situação. Eu ia me casar virgem. Fui sequestrada, mas não abusada, eu diria que fui seduzida!

Ele ficou de pé, de costas para mim, parecia pensativo, depois caminhou até o banheiro e me deixou com a minha aflição.

“ Ele conseguiu, ele queria me impedir de casar! Quem é esse homem, meu Deus? O que eu fiz? Não tem como voltar e consertar as coisas!”

Depois de um tempo, ele voltou sem me olhar e começou a apanhar suas roupas do chão.

Engoli em seco, vendo ele se vestir. E agora? Será que iria me matar, já havia me usado, o que mais poderia querer? Eram tantas as coisas que passaram pela minha cabeça!

— Posso me vestir?— estava assustada, a voz trêmula me denunciava.

Ele não respondeu. Fechou o último botão da camisa, pegou sua gravata, e saiu batendo a porta.

Eu não entendi nada, ele parecia me odiar, assim, de repente! Corri para o banheiro e me lavei rapidamente, o líquido quente escorria pelas minhas pernas.O vestido todo amarrotado me esperava no chão do quarto.

— O que eu fiz? Meu Deus, o que eu fiz?— Ainda tinha esperança de estar tendo um pesadelo.

Eu pensava que teria me casado com o Daniel e estava dormindo na casa de praia que alugamos para nossa lua de mel. Não iríamos sair do Rio de Janeiro, ficaríamos alguns dias na nossa lua de mel tão sonhada.

Foi difícil entrar naquele vestido outra vez, e eu nem consegui fechar o zíper nas costas, sozinha.

Depois de algumas batidas na porta, dois homens entraram sério, como se soubessem exatamente o que aconteceu ali.

— Precisa de ajuda, senhorita?

Eu olhei para eles com um sorriso irônico e lágrimas nos olhos.

— Pensei que eram robôs!

Eles baixaram a cabeça e preferiram o silêncio. Virei-me de costas rapidamente para eles.

— Preciso que fechem meu vestido, por favor!— Eu tinha uma gota de mágoa na minha voz, afinal, eles me arrancaram da limousine que me levaria para o altar.

Depois de me recompor, ajeitar as saias do vestido e passar as mãos rapidamente pelos cabelos embaraçados, saí pisando fundo, seguida pelos dois homens.

— Por aqui, senhorita!— Um deles me apontou a escada.

O olhei com ódio e segui descendo os degraus. Passei pela porta da frente e alcancei o jardim. Um carro me esperava com a porta traseira aberta.

Entrei ansiosa para sair logo dali. Tudo o que eu queria era ir para bem longe daquele lugar desconhecido.

Os dois homens entraram no carro e sentaram no banco da frente. Olhei para o mar que podia ser visto pela estrada.

Fui deixada na porta do prédio onde morava sem mesmo ter sido consultada. Eles sabiam onde eu morava.

Saí batendo a porta do carro e dei de cara com o porteiro do prédio. Ele saiu da guarita, desesperado.

— Dona Beatriz, meu Deus, a senhora fugiu do casamento!

Entrei arrastando o vestido agora pesado. Ele carregava o meu segredo.

Entrei em casa chorando, gritando pela minha mãe. Onde a dona Albertina estivesse conseguiria me ouvir, a dor era muito grande!

Eu me acusava, não me sentia abusada. Eu quis, eu desejei aquele estranho. Ele planejou tudo! Ele sabia que eu era virgem, ele quis ser o primeiro! Não me deixou nenhuma chance de ir à polícia e acusá-lo de sequestro!

Não! Eu poderia ir à polícia sim, e dizer que fui sequestrada, mas eu não queria, eu sentia vergonha de mim!

Arranquei aquele vestido que idealizei por tanto tempo e o joguei para longe, não me achava mais digna dele!

Enquanto a água morna do chuveiro caía pelo meu corpo, eu me perguntava o tempo todo:” quem é aquele ser? Como pôde me seduzir daquele jeito? Por quê?”

Longe dali, Ruan Medeiros de Farias, o príncipe do café, como era conhecido no Estado de Minas Gerais, por ser o maior exportador do país daquele ouro preto, se mantinha no banco de trás do carro, fora da mansão, onde executou o seu plano frio.

Seu motorista olhou através do retrovisor, percebendo a sua tristeza profunda.

— Precisava mesmo ter feito isso, senhor? Não me parece feliz.

Ruan fechou o semblante e guardou o brilho de amargura nos olhos tristes.

— Ela não me reconheceu, José! Como é possível, eu olhei nos olhos dela?

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