Eu estou cansado de ser saco de pancada.
Ethan
Eu dirigia com os dedos tão tensos no volante que os nós das mãos ficavam brancos. O motor do carro soava grave, constante, mas por dentro eu era só ruído—um trovão preso no peito. À minha direita, Diana respirava devagar, ainda pálida, os olhos atentos na estrada. Estava mais calma que no shopping, mas o susto ainda vibrava nela, como se cada lombada pudesse ser outro ataque.
— Tá tudo bem? — perguntei, sem conseguir esconder o tremor da voz.
— Tô… melhor — ela respondeu, engolindo seco. — Só… com a garganta ardendo.
Assenti, mirando adiante. Os faróis riscavam o asfalto como facas. Eu só conseguia pensar na cabine trancada, no cheiro químico, no pânico nos olhos dela. E em como isso tinha assinatura. Não era acaso. Não era azar. Era método.
— Eu vou descobrir quem fez isso, Diana — falei, baixo, firme.
Ela virou o rosto, me investigando. Havia um cansaço dócil no olhar, mas também lucidez.
— Ethan… você tá bem?
Soltei o ar com força.
— Não. Tô puto. Tô com ódio. — Mordi a pala