POV CATARINA
A minha pergunta ficou ali, pairando no ar: — Por que está tão estranho comigo? Ele não responderia, era o que eu imaginava. José mordeu sua torrada com geleia e ficou mastigando, balançando as pernas. Não me olhava. Acho que se passou mais de um minuto, e cada segundo a mais fazia o silêncio gritar nos meus ouvidos. Achei que meus tímpanos fossem estourar diante da fala ausente dele. Mas, por fim, seus lábios se abriram após engolir o pedaço da torrada que mastigava. — Eu não estou agindo como se você não existisse — respondeu, finalmente. — Ideia sua. Ainda não era capaz de me olhar. Ele escondia coisas de mim, óbvio. Será que me olhar nos olhos entregaria algo? — Impossível, José. Impossível. Há semanas que nós quase não nos falamos. — Ando cheio de compromissos. — Você sempre teve compromissos — protestei, mas me contive. — Mais