Daniel acordou com a luz suave filtrando pelas cortinas do seu quarto no andar superior. A primeira manhã fora do improvisado quarto-escritório parecia carregar um significado especial. Ele não sentia mais a pressão dos monitores, nem o cheiro constante de álcool hospitalar que impregnara a casa por semanas. Apenas o aroma leve do café vindo da cozinha e o som distante de vozes familiares.
Clara entrou com passos silenciosos, carregando uma bandeja com frutas, chá morno e os comprimidos da manhã.
— Bom dia, doutor Avelar — disse ela com um sorriso leve. — Primeira manhã no topo da colina. Sensações?
Daniel sorriu de volta, sentando-se com mais firmeza na cama.
— Sensação de que estou, finalmente, voltando a ser eu. Mesmo que ainda me falte fôlego.
Ela se aproximou e posicionou a bandeja na mesinha ao lado.
— Aos poucos, tudo volta. Inclusive sua agenda lotada.
— Você cuidou disso melhor do que eu — respondeu ele com sinceridade. — Aliás, muito obrigado por manter a clínica funcionando