O sol da tarde filtrava-se pelas janelas da mansão Castelão quando Helena terminou de revisar pela quinta vez o endereço escrito com a caligrafia apressada do filho. Ela o guardou cuidadosamente dentro da bolsa, como se carregasse algo frágil e valioso.
Na sala, Marcus estava sentado diante da lareira apagada, ainda com o mesmo copo de uísque na mão, quase intocado desde a última conversa com os pais. Seus olhos estavam vermelhos, a barba por fazer e a camisa ainda amarrotada da noite anterior. O peso de suas escolhas finalmente parecia tê-lo alcançado por completo.
Helena observou o filho por um instante, com aquele olhar de mãe que enxerga muito além do visível. Ela se aproximou devagar e colocou uma mão suave sobre o ombro dele.
— Não beba mais hoje, meu filho. Já chega de dor.
Marcus apenas balbuciou:
— Eu estraguei tudo, mãe.
Helena suspirou, beijando o topo da cabeça dele como fazia quando ele ainda era um menino. Não disse mais nada. Apanhou as chaves do carro e saiu.
A mansão