Paula Moretti
Os dias no hospital se arrastam em um ritmo próprio, um fluxo e refluxo de dor, tédio e pequenas vitórias. A cada manhã, ao me olhar no espelho do banheiro, observo atentamente o recuo dos hematomas no meu rosto. Os tons de roxo e azul deram lugar a um amarelo-esverdeado feio, mas é um progresso. O inchaço diminuiu, revelando gradualmente os meus ossos, a estrutura do meu rosto que eu quase havia esquecido.
Mas a minha atenção principal está fixa em Nicolo. A sua recuperação é mais lenta, mais dolorosa. Cada respiração ainda é uma conquista. E a visita diária da fisioterapeuta, uma loira esguia de mãos suaves e sorriso excessivamente doce, tornou-se o ponto mais tenso do meu dia.
Ela parece estar muito interessada em tocar no peito nu do meu marido, os dedos deslizando sobre a pele bronzeada e os músculos definidos com uma desculpa profissional que não engana ninguém. E o pior? Nicolo olha para mim com os olhos estreitos e um brilho divertido no fundo deles, enquanto a r