Paula Moretti
Cada movimento é uma batalha. Empurro-me do chão frio do avião, meus músculos protestando em uníssono, uma sinfonia de dor que vai do tornozelo latejante ao rosto inchado e às costelas que parecem uma única massa de agonia. Consigo, com um esforço que me deixa tonta, me arrasto para uma das poltronas de couro. É um refúgio precário, mas é melhor que a frieza do piso.
É então que percebo o olhar de Dante. Não é mais o olhar de um raptor impessoal ou de um sádico em busca de diversão. É algo mais… denso, mais animalesco. Ele está sentado à minha frente, e sua mão repousa sobre a própria virilha, um gesto possessivo e ameaçador que faz o meu estômago se contrair.
O terror, até então uma névoa constante, se condensa em um nó de gelo no meu peito. A violência que sofri foi brutal, mas compreensível em sua selvageria. Isso, porém… a ideia de ser violada por aquele homem, naquele espaço confinado, é uma profanação que minha mente se recusa a aceitar. Preferiria que ele tivesse