Paula Moretti
A dor é uma faca cega e serrada girando dentro do meu crânio. Cada batida do meu coração contra as costelas é um martelo de forja, amplificando a latejante agonia que irradia da minha nuca, dos meus ombros, de cada ponto onde o meu corpo bateu.
Mas a dor física é quase um alívio. Porque, se eu me concentrar nela, não preciso me concentrar no vazio aterrorizante que Mário cavou no meu peito. Ele estava morto, isso foi a âncora que afundou o coração de Nicolo, que transformou meu marido num monumento de dor e vingança.
Toda a raiva de Nicolo, todo o ódio dirigido ao meu pai, à minha família e no início a mim… era um castelo de cartas construído sobre um fantasma. Um fantasma de carne e osso, com o mesmo sorriso torto de sempre, agora contaminado por uma crueldade que eu nunca havia visto.
Dante agarra em meu braço e me ergue enquanto tentava pensar no que fazer. Suas mãos são firmes, mas não gentis. É uma contenção e não um conforto. Nicolo terá um choque terrível quando c