Nicolo Moretti

O apartamento, que em outro momento era um local de reuniões discretas, agora a ambição e pela traição. O ar é pesado, viciado pelo suor e pela ânsia de poder de Bruno. Ele está de pé, diante de mim, inchado como um peru, delineando seu novo mundo com um brilho doentio nos olhos. Cada palavra que sai da sua boca é um insulto, não somente a mim, mas às décadas de tradição, de lealdade sangrenta, de honra distorcida, mas real.

— Para entregar Paula com vida — ele diz, o nome dela saindo como uma profanação de seus lábios. — Os Caccini precisam declarar lealdade pública e aceitar a minha legitimidade ao assumir o lugar dos Moretti.

Meu olhar corta para Vincenzo. Ele está imóvel como uma estátua, seus traços um estudo em desprezo gelado. Não preciso perguntar. Sei o que se passa em sua mente.

Um Caccini nunca se ajoelhará. Não por falta de valor de uma vida, embora eu agora duvide que Caterino valorize qualquer vida além da própria. Mas, porque ajoelhar-se, declarar lealdad