Nicolo Moretti

Sinto o fantasma do toque dela na minha mão, o cheiro do seu shampoo no travesseiro ao lado. É uma tortura, mas é tudo o que me resta. É o combustível que mantém o monstro acordado.

O pouso em Nápoles é um solavanco brutal de volta à realidade. É quase o amanhecer do dia seguinte. A luz do dia me ofende, é muito brilhante, muito normal para um mundo que desmoronou. No aeroporto, um pequeno grupo de homens espera por nós.

São rostos sérios, endurecidos por uma vida de lealdade e violência. Homens que Giuseppe confia. Eles me cumprimentam com acenos silenciosos, seus olhos evitando os meus, como se temessem ver a falha, a rachadura no seu líder.

E é então que um detalhe crucial, aterrorizante, se instala na minha mente com o peso de um túmulo.

Não houve nenhuma ligação.

Nenhum pedido de resgate. Nenhuma foto. Nenhuma prova de que ela está viva.

O silêncio é a arma mais cruel de todas. É um abismo de possibilidades horríveis que a minha mente se recusa a explorar, mas que