Nicolo Moretti
O rugido dos motores do jato é um som abafado, um zumbido constante que ecoa a turbulência dentro do meu peito. Fora da janela, a escuridão é absoluta, um vazio sem estrelas que me suga a alma. Paula está em algum lugar nessa escuridão. A cada quilômetro que nos aproximamos da cidade de Cairo, sinto que a faca da minha impotência torce um pouco mais. Estou sentado em uma poltrona de couro, mas é como se estivesse em cima de brasas.
Vincenzo, do outro lado da mesa central, me observa. Seus olhos, tão parecidos com os do pai, Caterino, são faróis de uma calma calculista em meio à minha tempestade pessoal.
— Você precisa ver isso, Nicolo — ele diz, sua voz baixa, mas cortando o silêncio pesado como um golpe de adaga. — Precisamos limpar o ar entre nossas famílias se quisermos encontrar a minha irmã.
Ele desliza um tablet pela mesa. Eu o pego com relutância, meus dedos quase se recusando a tocar naquelas possíveis mentiras. Mas não são. São vídeos. Gravações de câmeras de s