Paula Moretti
A empolgação era como um espumante correndo por minhas veias, tornando o mundo mais nítido e mais ousado. Layla, com sua graça felina, havia desaparecido atrás de um biombo de madeira entalhada e reaparecido transformada. O bedlah vermelho-rubi que ela vestia era uma declaração de guerra ao tédio, um mosaico de lantejoulas que capturavam a luz como pequenos sóis que estavam formados. Cada movimento seu era um verso em uma língua que meu corpo ansiava por aprender.
— Vamos, Paula! — ela encorajou, seus olhos escuros brilhando com diversão e cumplicidade. — A dança não espera por tornozelos curados.
Olhei para a bota ortopédica, um intruso preto e rígido em meio àquele universo de seda e fluidez. Um estranho acessório para uma dançarina. Um sorriso teimoso tocou meus lábios. Se era para fazer isso, faria apesar dela.
— A dança do ventre é a arte do centro — Layla explicou, suas mãos desenhando círculos no ar, guiando minha atenção para o meu próprio quadril. — É aqui que m