Nicolo Moretti
O silêncio que se instalou após a partida de Paula era mais denso do que o habitual. Não era um silêncio vazio, mas um espaço carregado de sua ausência, ecoando com o tilintar fantasma de moedas, ouvia o ritmo da música pulsando o meu sangue. Amir, sentado à minha frente com a serenidade de um faraó, observava-me por sobre a borda de seu copo. Ele sempre foi capaz de ler os meus silêncios melhor do que as minhas palavras.
Aproveitei aquele vácuo, aquele raro momento de trégua na guerra constante que é a minha vida, para soltar uma verdade que vinha me corroendo por dentro.
— Estou começando a achar que não foi o Caterino — disse, a voz mais baixa do que eu pretendia. A admissão saiu como um suspiro, um peso sendo parcialmente aliviado. — Mesmo com a nossa rixa, os meus homens não encontraram nada que o incrimine. Nenhum movimento estranho, nenhum pagamento suspeito. Nada.
Amir inclinou a cabeça, seus olhos escuros, tão parecidos com os de um falcão, fixos em mim.
— Entã