Charles Benson
A guerra começou com um e-mail que enviei.
Assunto: “Irregularidades na Vértice Engenharia — denúncia anônima.”
O relatório estava pronto. Foi feito um dossiê frio, técnico, cheio de acusações: superfaturamento, contratos manipulados, favorecimento político. Tudo parecia legítimo, com anexos falsificados, datas ajustadas, nomes estrategicamente posicionados. Um trabalho limpo, profissional, impossível de refutar à primeira vista. Li o texto três vezes, revisando cada detalhe, cada armadilha. Quando terminei, encaminhei para três jornalistas — dois da imprensa local, um da nacional. Todos conhecidos por publicar sem checar, todos famintos por escândalo.
Noely estava sentada à minha frente, vestida de preto, cabelo preso, olhos frios. Ela não parecia nervosa, apenas determinada.
— Já enviou? — perguntou, sem rodeios.
— Já. Em menos de dois dias, isso vai estar em todos os portais. O Simon não vai saber de onde veio. Quero ver aquele desgraçado destruído.
Ela cruzou