Simon Duarte
Voltar para a cobertura depois de ver Noah foi como atravessar um campo minado emocional. Cada passo parecia carregar o peso de tudo o que não foi dito, de tudo o que foi sentido, de tudo o que ainda pulsa.
Eu me sentei na beira da cama, tirei os sapatos com lentidão e fiquei olhando para o chão como se ele pudesse me dar respostas. Mas não havia respostas. Só havia Romeu.
Meu celular vibrava com mensagens dele. Eu não havia contado que estava em Recife. Não por medo, mas por não saber como. Como dizer ao homem que me ajudou a reconstruir minha vida que eu estava indo encontrar o homem que me destruiu?
Abri a última mensagem:
“Você está em Recife. E não me disse nada.”
Respirei fundo. Liguei.
Romeu atendeu rápido, mas não disse nada. O silêncio dele era carregado de tantas palavras que me constrangeu.
— Eu devia ter te contado — comecei.
— Sim, devia — ele respondeu, com a voz firme, mas sem agressividade.
— Eu não sabia como, Romeu. Não queria que parecesse que