Entre o Medo e o Amor
As semanas que se seguem à visita da minha família são estranhamente tranquilas.
Como se o confronto tivesse limpado o ar, afastado uma sombra que pairava sobre a casa desde o dia em que voltei.
Mas a calma, percebo, é frágil.
Há algo latente em mim, como se a presença constante de Clara despertasse não só gratidão, mas um sentimento que me assusta.
Eu a observo de longe enquanto ela penteia os cabelos de Brenda antes da escola.
Ou enquanto limpa as bordas da janela com um pano úmido, cantarolando uma música antiga.
Vejo seus olhos se acenderem quando ela sorri. E sinto um calor estranho no peito.
Um calor que não é familiar, estranho. Que não tem nome.
— Você está bem? Ela pergunta, ao me encontrar parado no corredor, encarando o vazio com as muletas encostadas no batente.
— Só cansado. Respondo.
Mas é mentira. Não estou cansado. Estou com medo.
O medo de amar de novo é diferente de qualquer outro.
Ele não vem com gritos ou tempestades.
Ele se instala com