Um momento especial e único...
Dimitri Carter
O corredor da UTI neonatal é um universo suspenso, luzes suaves, monitores que pipocam como estrelas distantes, vozes sempre em um tom abaixo do mundo real. Há dois dias vivo aqui dentro, vendo cada minuto esticar‑se e encolher em compassos irregulares; tudo depende da respiração dela. Minha filha.
Parei diante da incubadora como quem chega a um lugar sereno. Por trás do acrílico, o corpo minúsculo se agitava em sonhos que eu não conseguia alcançar. Tubos, sensores, a luz azul do fototerápico… cada fio traduzia a delicadeza que eu não fora capaz de proteger.
—Respira, Dimitri—repeti baixinho. Palavras vazias, mas era o que eu tinha.
— Você já conversou com ela hoje? —A voz às minhas costas era suave, musical.
Virei‑me. A enfermeira trazia no crachá o nome Mônica. Olhos cor de mel e aquela expressão de quem parece ter coragem.
— Falei um pouco — murmurei. — Mas sempre parece insuficiente.
Mônica sorriu, aproximando‑se da incubadora. Ajeitou delicadamente um sens