Marcos sempre acreditou que algumas dores não precisavam de nome para serem sentidas.
O silêncio tinha peso.
O corpo tinha linguagem.
E a Júlia… ela estava falando sem dizer nada.
Nos últimos dias, ele tinha visto a forma como ela respirava — como quem carrega algo grande demais dentro do peito. Vira como ela segurava o café com as duas mãos. Como olhava para o nada no meio de uma frase. Como apertava os lábios quando pensava que ninguém estava vendo.
Ele sabia reconhecer isso.
Ele já tinha visto antes.
Mas naquela época, ele não tinha sido o homem dela ainda.
Agora… ele era.
Ou acreditava que era.
O bar era pequeno, discreto, escondido em uma esquina quase apagada da cidade. O tipo de lugar onde as luzes são amareladas e as conversas não precisam ser altas para serem ouvidas.
Iago Luch já estava lá, sentado com uma garrafa de cerveja pela metade.
— Tá com cara de quem dormiu duas horas e pensou demais — ele disse, quando Marcos se aproximou.
Marcos se sentou. Soltou o ar devagar. Pas