Capítulo 53 — Os Que Caminham Entre Vidas
O vento entrava pelas janelas do castelo como se procurasse alguém.
Soprava de um lado para o outro, inquieto, tocando velas, cortinas, paredes.
Até pareceu chamá-la.
Helena parou no centro do salão.
O rubi em seu pescoço brilhou como uma brasa antiga, viva, pulsante — como se tivesse seu próprio coração.
E foi quando tudo começou.
O castelo se dividiu.
De um lado, o presente: as paredes frias, o eco distante de Rafael chamando por ela em sua memória recente, o perfume de café, as ruas modernas, o museu onde o retrato dela cintilou.
Do outro, o passado: o salão iluminado do rei, sua voz grave dizendo “minha rainha”, sua mão quente segurando a dela, a promessa que fez antes de morrer — “te reconhecerei em todas as eras.”
As duas eras se encontraram no mesmo ponto.
Helena respirou fundo.
O tempo não era linha.
Era círculo.
E ela estava exatamente no centro.
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O vento girou, e então ele apareceu.
Não Rafael.
Não