O beijo no chuveiro terminou, mas a confissão de Isabella – "eu gosto de você" – continuou a ecoar no vapor, uma verdade tão simples e tão sísmica que redefiniu o espaço entre eles. Para ela, que passava anos a medir cada palavra como um general a mover as suas tropas, aquelas três palavras foram o ato de maior rendição da sua vida. Ela sentia-se perigosamente exposta.
Saíram do banho e o silêncio que se instalou era diferente. Não era tenso, nem expectante. Era suave, frágil. Ele estendeu-lhe um dos seus robes de caxemira, um gesto de puro carinho, e ela vestiu-o, o tecido macio um abraço reconfortante. Vestiram roupas confortáveis, as dele para ele, e para ela, uma das suas t-shirts de algodão macio e um par de calças de moletom que lhe ficavam ridiculamente grandes, mas que a faziam sentir-se, pela primeira vez, em casa.
A campainha tocou, o som discreto anunciando a chegada da sobremesa.
— Eu vou lá — disse ele, um pequeno sorriso a tocar os seus lábios, antes de desaparecer pe