O apartamento estava mergulhado em silêncio. O tipo de silêncio denso, cheio de peso e expectativa, como se o próprio ar esperasse por uma verdade prestes a ser dita. Do corredor, o cheiro de chá de camomila misturava-se com o som abafado da cidade lá fora, enquanto a noite envolvia o céu com seu manto escuro.
Sophia entrou com passos arrastados. O rosto abatido, o corpo cansado, o coração dilacerado. Deixou os sapatos ao lado da porta e pendurou a bolsa no gancho da parede. Precisava de paz, de abrigo, mas, acima de tudo, precisava de coragem.
Blanca já a esperava na sala, com duas xícaras nas mãos. O rosto calmo, mas os olhos atentos, lendo cada traço da filha como quem decifra um livro antigo e doloroso.
— Trouxe chá pra nós duas — disse com suavidade, como quem oferece muito mais do que chá: um porto seguro.
Sophia pegou a xícara, sentando-se ao lado da mãe no sofá.
— Obrigada… A Hanna?
— Já dormiu. Foi pro mundo da lua, dos planetas e dos desenhos animados — respondeu com um pequ