O silêncio havia voltado à sala como uma névoa densa e sufocante. Cada segundo pesava no ar como uma sentença não dita. O chá, antes fumegante e perfumado sobre a mesa de centro, agora jazia frio, intocado. As duas permaneciam sentadas no sofá, lado a lado, como se o simples movimento pudesse quebrar o pouco de controle que ainda restava.
A luz suave do abajur espalhava sombras douradas no rosto de Sophia, destacando as olheiras, os olhos marejados e o lábio trêmulo. Ela apertava a caneca entre os dedos com tanta força que parecia querer extrair dela uma resposta. Blanca ainda segurava a mão da filha, em silêncio, até que falou, com uma voz baixa, quase um sussurro, como se tivesse medo de acordar alguma dor adormecida.
— Talvez… talvez agora, com um filho, tudo possa mudar, Sophia. Às vezes, um bebê muda tudo.
Sophia piscou lentamente. A frase foi como uma fisgada no peito. O calor fugiu de seus dedos, e a mão que Blanca segurava escapou com delicadeza. Ela virou-se, encarando a mãe