A luz da manhã entrava pelas frestas das cortinas com timidez, como se pedisse licença para tocar aquele quarto que, apesar de iluminado, parecia mergulhado em sombras. O silêncio era quase absoluto, exceto pelo som suave de uma respiração contida, o tipo de respiração de quem não dorme, apenas se entrega ao cansaço.
Sophia estava deitada de lado, o corpo encolhido sob o cobertor, os cabelos espalhados no travesseiro e os olhos vermelhos de tanto chorar. Não sabia dizer quando havia adormecido, só lembrava do banho quente e do gosto amargo da palavra que havia repetido para si mesma até o sono vencê-la: “acabou.”
Mas, de repente, algo mudou.
Pequenos passos ecoaram no corredor de madeira, leves como o sussurro de uma canção antiga. E então, a porta se abriu com um rangido suave.
— Sophiiii… — chamou uma voz doce, quase um cantarolar infantil. — Você está dormindo?
Era Hanna.
Sophia piscou devagar. Antes que pudesse responder, sentiu o colchão afundar levemente e o corpinho quente da i