O céu estava coberto por nuvens densas naquela manhã. Um véu cinzento se estendia por toda a cidade, como se até o tempo carregasse o peso da noite anterior.
Mas dentro do carro preto que cortava as avenidas com precisão calculada, o silêncio era ainda mais espesso.
Giovanni Bianchi estava sentado no banco traseiro da sua Mercedes, a perna cruzada sobre o joelho, as mãos apoiadas sobre a coxa, o olhar perdido na paisagem que passava como um borrão.
Vestia um terno cinza grafite sob medida, impecável, com o colete alinhado sob o paletó abotoado. Uma gravata preta de cetim dava o toque final à composição quase ritualística. Como se vestir-se fosse uma forma de se proteger do que sentia. Como se cada camada de tecido cobrisse as rachaduras da alma.
Mas os olhos… Ah, os olhos traíam tudo.
Sombras profundas marcavam sua expressão. Não dormiu, talvez nem tivesse deitado. Havia voltado para casa pouco antes do amanhecer, tomado um banho frio e olhado fixamente para o espelho por longos minut