A cidade estava banhada por um cinza denso. O céu nublado, o ar frio, e a cobertura de Giovanni envolta em um silêncio espesso que parecia sussurrar que algo estava prestes a se romper.
Ele havia saído cedo, como sempre. Deixou Sophia dormindo, nua sob os lençóis amarrotados da noite anterior, o corpo ainda marcado pelas mãos dele, e a mente em ruínas por tudo que havia sido dito ou, no caso dele, silenciado.
Giovanni não deixou bilhetes. Não disse “até logo”. Apenas um olhar rápido antes de cruzar a porta, um olhar carregado demais para ser decifrado tão cedo.
E ela ficou ali.
Com o corpo latejando, a alma em brasa e o coração pulsando sob a dúvida: o que ele sente, afinal?
Porque Giovanni a possuía como se a amasse, mas a tratava como se temesse o que ela despertava. Havia algo sombrio no modo como a observava quando pensava que ela não percebia. Algo dilacerante nos beijos que lhe dava quando a penetrava com força, como se quisesse enterrar os sentimentos junto ao desejo. Mas quan