O céu estava nublado naquela manhã, como se pressentisse que algo se quebraria em silêncio. Laura caminhava distraída pelas ruas do centro, o coração ainda vibrando com as lembranças da noite anterior. A mão de Apollo entrelaçada à sua, o cheiro de lavanda e vinho no ar, o riso solto entre suspiros. Era uma felicidade nova, e ela se permitia viver.
Mas a tranquilidade logo foi interrompida quando viu Davi parado à frente da cafeteria onde ela costumava ir nas tardes de sábado. Ele estava encostado na parede, braços cruzados, olhar distante, e uma tensão no ar que fez seu estômago revirar.
— Laura — ele chamou, firme.
Ela parou, hesitando por um segundo antes de se aproximar.
— Oi, Davi.
— A gente pode conversar? Só nós dois. Cinco minutos.
Ela pensou em recusar, mas a expressão dele não era de raiva — era de urgência. Então assentiu.
Entraram na cafeteria, mas não sentaram. Davi foi direto ao ponto, como se guardasse aquilo por tempo demais.
— Eu não consigo mais fingir. Não depois de