O som constante dos monitores cardíacos parecia ecoar mais alto naquele dia. O plantão seguia sem intercorrências graves, mas Helena sentia um peso estranho no peito. Um desconforto que não vinha de cansaço físico. Era como se alguma coisa estivesse prestes a acontecer.
E aconteceu.
Ela estava organizando medicações na farmácia satélite quando a recepcionista entrou às pressas.
— Enfermeira Helena… tem uma mulher lá fora. Diz que é sua mãe.
A seringa escorregou de sua mão e caiu no chão com um estalo seco.
Helena congelou.
— Tem certeza? — sussurrou, o rosto já começando a empalidecer.
— Sim. Ela pediu para te ver. Disse que é urgente.
Helena ficou alguns segundos parada. Depois, respirou fundo, lavou as mãos com gestos automáticos e caminhou pelo corredor como quem atravessa um campo minado.
Ao chegar na recepção, lá estava ela.
Cabelos presos de forma descuidada, olhar carregado de mágoas e arrependimentos. A mãe que ela não via há anos. Aquela que havia virado as costas no momento