Helena se sentia como uma equilibrista prestes a cair de um fio esticado entre dois mundos. Naquela noite, depois da conversa com Eduardo, ela saiu do hospital sem dizer uma palavra a ninguém. Precisava de silêncio. Precisava pensar.
As luzes da cidade passavam borradas enquanto ela dirigia sem destino. Os rostos de Rafael e Eduardo dançavam em sua mente como espectros — o primeiro carregado de mágoa e de um amor presente, vibrante; o segundo envolto em saudade, arrependimento e lembranças de um passado que parecia sempre pedir uma segunda chance.Ela parou o carro perto de um parque vazio. Sentou-se em um dos bancos, envolta no casaco, e deixou o vento frio da madrugada tocar seu rosto. Foi então que as lágrimas vieram. Quietas, silenciosas. Doídas.Não era só sobre Rafael ou Eduardo. Era sobre ela. Sobre quem ela era, sobre o que queria — ou melhor, o que precisava. E pela primeira vez em muito tempo, ela sentiu que, para se reencontrar, precisava parar