Eu deveria estar concentrada em como a roda gira e a argila começa a tomar forma. Mas não consigo.
Ou aperto demais e tudo desaba... ou não aperto o suficiente, e ela perde o formato.
Solto um suspiro frustrado, desligo a roda e me encosto na cadeira, deixando meu corpo afundar ali. Meus olhos se voltam para o teto procurando alguma resposta escondida no gesso branco.
Do lado de fora, ouço o barulho das funcionárias andando de um lado para o outro.
Gente lá fora vivendo… enquanto eu me encolho nesse espaço apertado, tentando — mais uma vez — calar o barulho da própria mente.
Mas falho.
Porque, mesmo aqui, mesmo agora...só consigo pensar nele.
Será que fiz a coisa certa?
Essa pergunta não para de atazanar minhas ideias.
Tenho medo de ser um problema na vida dele, de trazer mais peso para alguém que já carrega o preocupações nos ombros.
Eu sei que o pai dele não gosta de mim.
Sei que só Mariana e Maíra me aceitaram, elas até me fazem sentir como se eu estivesse realmente vivendo com m