Entro em casa sem saber ao certo como a noite vai se desenrolar. A ideia de preparar um chocolate quente, abrir uma caixa de cookies e escolher um filme qualquer me parece reconfortante. Outra parte de mim prefere apenas deixar o silêncio preencher o espaço, aproveitar o frio que começa a se espalhar pela cidade e me refugiar no calor da lareira.
A imagem de me enroscar diante das chamas, sentindo o estalar da lenha e o tempo escorrer devagar, parece tentadora demais. Talvez seja exatamente disso que eu precise: um instante de calma.
Jogo a bolsa sobre a cama e, antes que consiga me recompor, o celular começa a tocar.
Olho para a tela e vejo o nome de Long. Estranho. A última vez que falamos foi quando Leonardo o rastreou. Desde então, só trocamos mensagens rápidas, nada demais.
— Oi — atendo apenas no quinto toque.
— Por que não me disse que sofreu um atentado? — a preocupação dele atravessa a linha como um soco.
Me sento na poltrona ao lado da grande janela. Os pés latejam, o corpo