Eu tinha tanto para dizer.
Tantas perguntas engasgadas na garganta, tantas teorias fervilhando dentro de mim…
Mas não acreditava que Leonardo fosse o ouvinte ideal para tudo isso.
Algumas verdades são afiadas demais para serem entregues a qualquer pessoa.
Aqui, onde estou, as casas não têm muros.
Tudo é aberto, limpo, organizado demais para o caos que carrego.
Sentada nesse banco de pedra, em um jardim cercado por árvores balançantes, sob um céu de nuvens pesadas, consigo ver a rua tranquila, o gramado impecavelmente verde do vizinho e os jardins floridos que se misturam às fachadas elegantes.
Há vasos pendurados nas sacadas, bicicletas encostadas nos portões, e até um bebedouro para cães no canto da calçada.
Paz demais.
Quase parece mentira.
Meus olhos se perdem na cena cotidiana, até que noto um casal caminhando de mãos dadas.
Ele segura a mão dela com tanta segurança… como se aquele gesto pudesse protegê-la do mundo inteiro.
Ela sorri, os olhos brilhando no instante exato em que ou