Eu estava acostumada com sangue. Com os homens sendo mortos nas noites do ritual, com gritos sufocados e corpos caídos como se fossem descartáveis.
Estava acostumada com a dor, com a brutalidade, com o som de ossos quebrando e a respiração morrendo no ar.
Mas o som dos tiros… o choro apavorado de crianças… isso era diferente.
Isso me rasgava por dentro.
Estávamos perto do pavilhão onde fica a escola, a poucos metros da saída desse inferno ou seja, bem no meio do caos. Leonardo já havia atirado em alguns homens e, por pouco, não foi ferido.
Mas, em vez de estar atenta ao perigo, minha mente corria, corria e corria para as crianças, preocupada com como elas estariam agora.
Eu sabia que Long estava cuidando da evacuação. Sabia que tínhamos um plano, que as alas das meninas estavam sendo esvaziadas uma por uma. Mas isso não impedia meu coração de bater com força.
Não impedia minha mente de gritar por cada criança que, como eu um dia fui, agora tremia atrás de portas, escondida em armários