Capítulo 33
Aceitei o projeto na quinta-feira. Não houve um momento exato de certeza. Nenhuma epifania, nenhuma cena cinematográfica. Só eu, sentada diante do computador, olhando para o e-mail de Renata e sentindo, no fundo, que adiar mais seria a mesma coisa que fugir. O cursor piscava na tela como um lembrete insistente de que a vida não para de esperar. E, mesmo com o estômago revirado, digitei as palavras que me pareciam certas: “Aceito a proposta. Podem contar comigo.” A resposta veio minutos depois, com emoji de comemoração e tudo. Renata empolgada, animada, falando em cronograma, em equipe, em uma nova fase. Uma nova fase. Eu sorri, meio trêmula. Era isso. Uma nova fase. Fechei o notebook, respirei fundo e só então senti a lágrima escorrer pela lateral do meu rosto. Não era tristeza. Era algo mais confuso, uma mistura de orgulho, medo e aquele arrependimento antecipado de quem sabe que toda escol