Capítulo 39
Existem amores que nascem de forma explosiva. Outros se fazem no silêncio. O nosso era assim, um amor que crescia devagar, como a luz do sol atravessando as frestas de uma janela antiga, até aquecer todo o ambiente sem pedir licença.
Depois de nomear o que sentíamos, Miguel e eu passamos a ocupar o mesmo espaço de forma diferente. Já não havia mais a hesitação entre o toque e o gesto, nem o receio entre o que se dizia e o que se sentia. Ainda era tudo muito novo, mas havia uma tranquilidade serena em saber que estávamos nos escolhendo, dia após dia.
Miguel me buscava com o olhar nos intervalos da rotina. Às vezes era só um gesto sutil, como segurar minha mão por baixo da prancheta enquanto discutíamos sobre a madeira original de um batente. Outras vezes, era o silêncio confortável enquanto caminhávamos lado a lado pelos corredores do casarão, cada um imerso em seus pensamentos, mas conectados por algo que palavras não explicavam.
Começamos a dividir mais do que o tempo. Di