Capítulo 40
Às vezes, a vida real surpreende mais do que os filmes. Porque tem dias em que tudo parece se encaixar, as palavras, os gestos, os olhares, como se o mundo estivesse conspirando a favor.
Era sábado, e a cidadezinha parecia ter despertado mais cedo que o costume. A praça central estava cheia de barracas coloridas, música ao fundo e o cheiro inconfundível de pão de queijo recém-saído do forno. Era o dia da feira cultural do vilarejo, um evento que misturava tradição, comida boa e reencontros.
Eu e Miguel decidimos ir juntos.
Foi ideia dele.
— Você tem estado muito trancada dentro do casarão. Vai ser bom pra você respirar outros ares. — ele disse, com um sorriso discreto e aquele olhar que, aos poucos, foi se tornando meu lugar favorito no mundo.
Confesso que fiquei insegura. Não sobre estar ao lado dele, isso já era a parte fácil, mas sobre nos expormos, sobre sermos vistos como um “casal” para além das paredes que restaurávamos. Era como tirar um sentimento da gaveta