— Bruno Henriques! O que você quer de mim? Não me torture mais, por favor! — Eu enxuguei meu rosto, sem saber se era chuva ou lágrimas, e gritei, desesperada.
Bruno apertou os punhos, com uma expressão feroz, mas os cantos de seus olhos, vermelhos, o traíam.
— Eu não quero que você me vire as costas! Não aguento mais ver você se virando e indo embora sempre antes de mim! Eu quero que você sinta dor por minha causa, mesmo que você me odeie! Afinal, não importa o que eu faça, você nunca me dá uma chance.
Quando Bruno disse isso, ele também estava sofrendo por dentro.
Ele se achava tão orgulhoso, com tanto poder em Cidade J, e ainda assim se sujeitava a cuidar de pacientes, a se rebaixar para agradar uma mulher. Já era algo admirável.
Meu coração se sentia como uma folha de papel em branco sendo amassada, e aquela dor era ainda mais fria do que a água da chuva que me molhava.
Mas como ele poderia saber que eu já dei oportunidades a ele?
Era só que, a cada vez, minha razão acabava com tudo