Capítulo 40, Talvez uma nova chance de recomeçar.
(Eduardo)
Eu não queria ver ninguém.
Não queria ouvir nada.
Desde que Thiago saiu da minha sala despejando seu veneno, venho vivendo em um silêncio ensurdecedor. As palavras dele ficaram presas na minha mente como correntes pesadas, sufocando cada tentativa de respirar. O peso daquelas acusações, misturado às minhas próprias culpas, me esmagava por dentro. A imagem de Beatriz me perseguia sem piedade: o acidente, o sangue, o choro que nunca aconteceu, a criança que nunca nasceu. Tudo girava na minha cabeça como um pesadelo interminável do qual eu não conseguia despertar.
E o pior de tudo era a sensação de que, de algum modo, ele estava certo. Talvez eu tivesse mesmo culpa. Talvez eu tivesse mesmo arruinado tudo.
O tique-taque do relógio na parede me irritava, como se cada segundo fosse um lembrete cruel da minha incapacidade de seguir em frente. O escritório estava em penumbra, as cortinas fechadas, o ar carregado. Eu me afundei ainda mais na cadeira de rodas, o corpo pesado, a alma a