Capítulo 28 , Não sei se vou aguentar.
(Lua Carvalho)
Os dias que se seguiram foram sufocantes.
Depois daquela noite chuvosa — a noite em que me entreguei ao beijo mais intenso e verdadeiro da minha vida — Eduardo me afastou como se eu fosse um erro. Como se todo o desejo que senti em seu corpo não tivesse existido.
No dia seguinte, no café da manhã, ele mal levantou os olhos para mim.
— Bom dia — murmurei, tentando soar natural.
— Bom dia. — Sua resposta foi seca, curta, um monossílabo que encerrou qualquer tentativa de conversa.
E assim foi durante toda a semana. No escritório, nossas trocas se resumiam a frases frias, profissionais, quase robóticas:
— Traga os relatórios.
— Sim.
— Marque a reunião.
— Certo.
— Feche a porta.
— Claro.
Nada além disso.
Era como se o beijo nunca tivesse acontecido. Como se minha confissão — meu desejo, minha entrega — tivesse sido apagada, riscada do papel da nossa história.
Mas eu não conseguia esquecer.
Todas as noites, ao deitar, sentia novamente o calor de sua boca, a firmeza de suas mã