Capítulo 2
(Ponto de Vista de Riley)

Ao longo da minha vida, ouvi inúmeras histórias sobre rejeição, sobre a dor que a acompanha e a sensação de perda, como se algo estivesse faltando. Eu sabia o que estava por vir e estava preparada, mesmo ao proferir as palavras:

— Eu, Riley Kaidon, aceito a sua rejeição. — Respondi, e isso fez com que ele ficasse em silêncio por um momento. Claro, ele não esperava que eu aceitasse sua rejeição tão facilmente, até porque toda fêmea sonharia em ser a companheira do Alfa. No entanto, eu havia sido uma dessas fêmeas até descobrir que ele não era tão encantador quanto eu imaginava.

Senti a dor, exatamente como eu havia previsto. Era um tipo diferente de dor, algo que vinha de dentro, mas o que eu não senti foi a perda…

Como se poderia perder algo que nunca se teve?

Estava tudo acabado. Todos os meus sonhos de encontrar um companheiro haviam ido por água abaixo. Fui entregue a um monstro como companheiro, que me usou, tirou tudo de mim e, depois, me descartou como se fosse lixo. Não podia mais ficar naquela alcateia - eu precisava partir.

— Expulse-me desta alcateia. Não vejo mais razão para permanecer aqui.

— Não, Riley. Eu quero você aqui, ao meu lado.

— A Zara assumiu essa função.

— Quero que você esteja ao meu lado de uma maneira diferente.

— Não serei mais o seu brinquedo. — Cuspi, sem conseguir esconder a raiva. Realmente não havia limites para a sua crueldade.

— Outras lobas se orgulhariam de ter uma posição como essa, mas você… Que garota ingrata...

— Eu vou deixar essa alcateia, queira você ou não. Com o devido respeito, claro, Alfa. — Provoquei, com um sorriso sarcástico.

A dor em meu peito havia aumentado a ponto de eu me sentir completamente anestesiada.

— Está pretendendo partir? Isso não seria uma coisa muito legal de se fazer, considerando que sua mãe não poderia ir com você. — Ele disse, e tudo parecia desacelerar.

Como eu poderia ter esquecido disso?

Minha mãe não passava de uma escrava sendo tratada como lixo. Ryker era a única razão pela qual ela não estava em outros lugares "piores"... Como eu poderia ter esquecido isso tão facilmente?

Meu coração disparou. Como não pensei em minha mãe e no que Ryker poderia fazer com ela, especialmente depois que eu fosse embora?

— Deixe minha mãe fora disso.

— Não, Riley. — Ele disse, com um sorriso de desdém. — Se você ficar, ela continuará em sua posição atual. Se ousar partir, farei da vida dela um inferno.

Sequei as lágrimas. Essa havia sido uma das razões pelas quais eu havia me agarrado a Ryker e demorado para deixá-lo. Pois eu sabia que, se estivesse acasalada com ele, minha mãe seria livre. Isso era o que ela mais queria durante a maior parte de sua vida - o que ela sonhava.

— Eu ficarei, mas me recuso a ser usada por você, Ryker.

— Veremos isso, e não é mais Ryker para você. Não somos mais companheiros, lembra? Agora é Alfa, e espero que você não se esqueça disso de novo. — Ele falou, mas o sorriso no rosto dele me dizia que ele esperava que eu errasse só para poder me punir.

Eu não deixaria que ele visse fraqueza em mim, por isso seguraria minhas lágrimas até estar sozinha. Chorar na frente dele só mostraria o quanto ele me machucava e o quanto ele havia vencido... Enquanto eu... Perdida. Isso só aumentaria o ego dele que já era imenso. Sequei as lágrimas - aquela seria a última vez que chorei diante dele.

— Ótimo. — Ele murmurou. — Agora, preciso que você me acompanhe ao baile de celebração de acasalamento.

— Você provavelmente vai comparecer ao próximo baile com sua Luna, Zara, então para que precisaria de mim?

— Estou solicitando a sua presença. Quero que assista enquanto anuncio para todos que ela é minha companheira.

— Quero que veja enquanto eu a beijo e a toco, assim como fiz com você, mas ela... Ela será a Luna. Quero que você veja como ela toma seu lugar.

— Pelo menos te avisei cedo o suficiente para se preparar. Quando o dia chegar, não se atreva a se atrasar. Também vou mandar sua mãe te ajudar a escolher algo apresentável para a ocasião. Tenho certeza de que você tem algo além de trapos em algum lugar. — Ele disse antes de partir, atravessando a mesma porta por onde entrou, retornando para Zara - sua companheira.

O baile de acasalamento seria em duas semanas. Eu não precisava escolher um vestido ainda, mas precisava da minha mãe ao meu lado neste momento.

Ele não se importava com o fato de que eu havia acabado de perder um filhote e precisava de medicamentos - ele não se importava nem um pouco. Se eu não estivesse enganada, diria que ele gostava de me machucar - ele era uma pessoa doente e perversa, que sentia prazer em ferir os outros.

Alguns minutos depois, minha mãe entrou, e eu corri para seus braços, permitindo-me, por um instante, ser apenas uma filhote novamente. Chorei em seus braços.

— O filhote se foi... Ele me traiu, e agora o filhote foi perdido...

— Calma, você vai ficar bem. — Ela disse, segurando-me em seus braços. — Você é a lobinha mais forte que eu conheço, e não estou te dizendo isso apenas porque você é minha filha, mas porque é a verdade.

— Não me sinto nada forte, mamãe.

— Suas lágrimas não te fazem fraca, nem os erros. — Ela disse, me abraçando. Assim como sempre fez, todas as vezes que eu a procurei, quebrada e com dor, ela estava sempre ali para me consolar. Ela achava que eu era a lobinha mais forte, mas estava errada - ela que era. Mesmo com tudo o que passou, ela ainda permanecia firme, e eu fiz uma promessa a mim mesma de que a libertaria. Não me importava quanto tempo demorasse, eu conseguiria.

— Eu sei que o Alfa te rejeitou. — Ela comentou.

— Como soube?

— Uma mãe sabe. — Ela respondeu. — Mas ele nunca foi o melhor para você. Ele só te machucaria mais e mais… Você merece algo melhor.

— Acho que nunca mais serei capaz de confiar em alguém… Não posso suportar outra traição… Eu não conseguiria resistir…

— Você merece amor. Você merece algo melhor do que esse tipo de vida, e eu gostaria de poder lhe dar isso... E é por isso que não vou te culpar se você deixar essa alcateia. Quero que saiba que, aconteça o que acontecer, sempre te amarei e nunca vou te culpar por nada que der errado. Sou forte o suficiente para aguentar o que vier, mas quero que você seja feliz. Você é jovem, bonita e tem um coração puro. Você merece uma vida, e deveria tê-la.

— Não, mamãe, eu jamais te deixaria aqui com ele. Nunca! Estamos juntas nisso e sempre estaremos. Eu ficarei. — Prometi.

-

A cerimônia do baile de acasalamento acontecia no último dia de cada mês. Para muitas garotas, era a concretização de um sonho, especialmente por ser o momento em que poderiam encontrar seus companheiros. Para mim, no entanto, foi o início do meu pior pesadelo.

Se Ryker queria que eu estivesse no baile, então eu estaria. Mas ele cometeu um erro: pouco me importava com quem ele terminaria. Nada do que fizesse seria capaz de me causar ciúmes - ele não era mais meu, e eu me sentia aliviada por isso.
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