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Capítulo 3: Revelações

O reconhecimento de Sofia atingiu Mary como um raio em meio à falsa serenidade da festa. Seu sorriso congelou, e o pânico começou a borbulhar em suas veias. Como ela explicaria sua presença ali, tão diferente da vida modesta que Sofia conhecia?

"Sofia... Nossa! Quanto tempo!" Mary conseguiu articular, forçando um sorriso que não alcançava seus olhos.

"Mary! Que surpresa te ver aqui," Sofia exclamou, aproximando-se e lhe dando um abraço apertado. "Ainda está trabalhando na floricultura da sua avó? Adorava passar por lá e ver aquelas rosas lindas."

O coração de Mary acelerou. Ela precisava pensar rápido. "Ah, sim... A floricultura vai bem. Mas hoje... hoje estou acompanhando um amigo." Ela gesticulou vagamente em direção à multidão, esperando que Sofia não insistisse em detalhes.

Mas Sofia era perspicaz. Seus olhos seguiram o gesto de Mary e pousaram em Ethan, que se aproximava delas com uma expressão ligeiramente tensa no rosto.

"E este deve ser o seu amigo?" Sofia perguntou, um sorriso curioso nos lábios.

Ethan parou ao lado de Mary, envolvendo sua cintura com um braço em um gesto possessivo que a pegou de surpresa. "Ethan Carter," ele se apresentou, estendendo a mão para Sofia com um sorriso charmoso e calculado. "E você é...?"

"Sofia Mendes," ela respondeu, apertando a mão de Ethan, os olhos brilhando com uma curiosidade crescente. "Mary e eu estudamos juntas na faculdade."

"Que coincidência agradável," Ethan comentou, o tom casual, mas Mary sentia a rigidez em seu braço ao redor de sua cintura. "Mary tem me contado muitas histórias sobre seus tempos de faculdade."

Mary engoliu em seco. Histórias? Que histórias ela poderia ter contado sobre uma vida que agora parecia tão distante e irreal?

Sofia continuou a conversar animadamente com Ethan, parecendo genuinamente encantada com ele. Mary observava a interação, sentindo-se uma impostora. A facilidade com que Ethan representava o papel de seu marido apaixonado era impressionante, quase assustadora.

Em um momento de distração de Sofia, Ethan se inclinou ligeiramente para Mary e sussurrou em seu ouvido: "Mantenha a compostura."

O tom era frio e autoritário, lembrando a Mary a natureza puramente contratual de seu relacionamento. Ela assentiu, forçando outro sorriso para Sofia.

Felizmente, a conversa foi interrompida por um garçom oferecendo champanhe. Sofia se distraiu, e Ethan aproveitou a oportunidade para se despedir educadamente.

"Foi um prazer conhecê-la, Sofia. Mas precisamos nos juntar a outros convidados," ele disse, puxando Mary delicadamente pela cintura.

Assim que se afastaram, Mary soltou a respiração que nem sabia estar prendendo. "Obrigada," ela murmurou. "Você foi... convincente."

"Era necessário," Ethan respondeu, o olhar fixo à frente. "Qualquer deslize pode comprometer o acordo."

O resto da noite transcorreu em um borrão de sorrisos forçados e conversas superficiais. Mary se esforçou para manter a fachada de esposa elegante e apaixonada, mas a cada olhar curioso e pergunta indiscreta, sentia a pressão aumentar.

Ao voltarem para a mansão, o silêncio no carro era pesado. Mary estava exausta, tanto física quanto emocionalmente. Assim que chegaram, ela se desculpou e se retirou para seu quarto, ansiosa por se livrar do vestido elegante e da máscara social.

Na manhã seguinte, Sra. Davies entregou a Mary um envelope lacrado. Dentro, havia um convite para um jantar íntimo na casa de um importante parceiro de negócios de Ethan. A data era dali a dois dias. Mary suspirou. A maratona de representações continuava.

Nos dias que se seguiram, Mary começou a observar Ethan com mais atenção. Nos momentos raros em que ele baixava a guarda, ela percebia a solidão que o cercava, a sombra de tristeza em seus olhos. Havia algo de quebrado por trás de sua fachada de bilionário implacável.

Um dia, enquanto explorava a biblioteca da mansão, Mary encontrou Ethan sentado sozinho em uma poltrona de couro, absorto em um livro antigo. A luz fraca da janela iluminava seu perfil austero, revelando linhas de cansaço ao redor de seus olhos. Ele parecia vulnerável, distante do homem frio e controlador que ela conhecia.

Hesitante, Mary se aproximou. "Está tudo bem, Sr. Carter?" ela perguntou em um tom suave.

Ethan sobressaltou-se, fechando o livro bruscamente. "Srta. Oliveira. Não a ouvi chegar." Sua voz estava rouca, como se tivesse sido pego em um momento de privacidade que não desejava compartilhar.

"Desculpe. Não queria incomodar," Mary respondeu, sentindo-se intrusa.

"Não incomodou," ele disse, embora sua expressão dissesse o contrário. "Apenas... estava pensando."

Houve um silêncio desconfortável. Mary estava prestes a se retirar quando Ethan falou novamente.

"Este livro... era da minha mãe. Ela adorava poesia." Havia uma suavidade em sua voz que Mary nunca havia ouvido antes.

Por um instante, a barreira entre eles pareceu se dissipar. Mary viu um vislumbre do homem por trás da máscara, um homem que sentia falta, que tinha memórias.

"Sinto muito," Mary disse sinceramente.

Ethan assentiu levemente, o olhar perdido nas páginas do livro. "Ela se foi há muitos anos."

Naquele breve momento de vulnerabilidade compartilhada, algo pareceu mudar sutilmente entre eles. A frieza habitual de Ethan pareceu diminuir, e Mary sentiu uma pontada de empatia por ele. Ele não era apenas o bilionário distante do contrato; ele era também um homem com suas próprias dores e perdas.

No jantar na casa do parceiro de negócios, dois dias depois, a dinâmica entre Mary e Ethan pareceu ligeiramente diferente. Havia um pouco mais de calor em seus olhares trocados, um toque mais suave em suas mãos quando ele a guiava pela sala. Eles ainda representavam seus papéis, mas havia uma camada sutil de familiaridade que não existia antes.

Em um momento da noite, enquanto dançavam juntos, Ethan se inclinou e sussurrou no ouvido de Mary: "Você está se saindo muito bem, Srta. Oliveira."

Havia um tom de aprovação em sua voz que a surpreendeu. "Obrigada, Sr. Carter," ela respondeu, sentindo um leve rubor em suas bochechas.

"Ethan," ele corrigiu suavemente. "Pode me chamar de Ethan, pelo menos em particular."

O pedido a pegou de surpresa. Era uma pequena concessão, mas parecia quebrar um pouco mais da barreira entre eles.

"Ethan," Mary repetiu, a palavra soando estranha em seus lábios.

Naquela noite, ao voltarem para a mansão, o silêncio no carro não era mais tão pesado. Havia uma tensão diferente no ar, uma consciência mútua que antes não existia.

Ao chegarem à porta de seus quartos separados, Ethan se virou para Mary. Seus olhos encontraram os dela, e pela primeira vez, Mary viu algo além da frieza e da formalidade. Havia uma intensidade silenciosa em seu olhar, uma faísca de algo inesperado.

Por um instante, Mary pensou que ele a beijaria. Seu coração acelerou, e uma onda de confusão e expectativa a invadiu. Mas Ethan apenas hesitou por um momento, antes de se afastar e entrar em seu quarto, deixando Mary sozinha no corredor, com o coração ainda acelerado e uma pergunta silenciosa pairando no ar. Será que, por trás do contrato e das máscaras, algo mais estava começando a florescer entre eles? E se sim, quais seriam as consequências desse toque inesperado?

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