Enquanto Alexander afundava-se na culpa, perdido entre memórias e arrependimentos, a muitos quilômetros dali, em uma cidade pacata do interior do Paraná, Liz respirava o ar úmido da tarde, sentada na pequena varanda de madeira de sua casa simples, cercada de verde e silêncio. O sol dourava os campos, mas nenhuma luz parecia capaz de aquecer o vazio que ela carregava no peito.
Era o terceiro convite em menos de uma semana, e o mesmo sorriso persistente pairava nos lábios do homem que batia à sua porta naquele fim de tarde. Henrique Fernandes, o filho mais novo do fazendeiro mais respeitado da região, estava ali novamente — determinado, sorridente, irresistível. : alto, de olhos castanhos intensos, barba bem feita e um jeito direto que confundia Liz entre a cautela e a curiosidade.
— Boa tarde, Liz — disse ele, encostando-se ao batente da varanda, com as mãos nos bolsos e um brilho travesso nos olhos.
— Já sabe por que vim, não sabe?
Liz suspirou, cruzando os braços.
— Henrique