Laís
As notícias da visita correram a cidade como vento em tarde quente. O jornal local publicou uma matéria com foto do ipê florido e a legenda “Raízes que viram futuro”. Na ONG, professores ligavam, famílias mandavam áudios agradecendo, e até um vereador apareceu dizendo que “queria somar” — o que, traduzido, significava promessas e selfies. A euforia era boa, mas o corpo sabia: por baixo dela, havia um fio de tensão sustentando tudo.
A rotina apertou. Nanda montou um cronograma de entregas que ocupava metade da parede da sala: relatórios, oficinas, plantios, reuniões de prestação de contas. Passei o dia entre planilhas e cadernos, a cabeça pesada e o coração inquieto. Eduardo, do outro lado do corredor, revisava artes, vídeos e textos, com Lucas fazendo o possível para dividir o peso. Às vezes nossos olhos se encontravam rapidamente; um “tô aqui” silencioso.
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Eduardo
A matéria trouxe brilho, mas também cobrança: “já que estão em alta, precisamos publicar duas peças por dia”, dis