A cidade parecia respirar por nós. Na banca da praça, li uma manchete do jornalzinho local: “ONG brilhou, casamento à vista”. No mercado, duas senhoras discutiam se o bolo devia ser de nozes ou fubá. Um menino passou correndo com um galho de sibipiruna como espada e gritou: “Viva os noivos!”. Sorri. Era como se Santa Amora tivesse decidido cuidar do meu coração por um dia.
Eduardo
Acordei com Breno batendo palmas no portão e Lucas atrás, segurando um cooler e uma bola murcha.
— Operação Último Dia — anunciou Breno. — Sem despedida xoxa, meu amigo.
— A bola tá precisando de milagre — observei.
— Milagres acontecem no campinho — Lucas respondeu, sério como sempre, o que me fez rir.
Eles me sequestraram para o campinho de várzea à beira do rio. O gramado irregular, o cheiro de terra, dois cachorros correndo em círculos. Jogamos como garotos de quinze anos: canela alta, risada fácil, drible torto. Eu errei um chute e caí de bunda; Breno riu tanto que quase engoliu a língua.
— Você vai che