A semana começou com o céu encoberto e a cidade mais barulhenta do que o normal. Murmúrios se espalhavam como vento entre as praças, lojas e corredores da ONG. Laís sabia que algo estava prestes a explodir — e não demorou.
Na terça-feira, Clara apareceu na sede da ONG. Usava um vestido justo demais para a ocasião e um sorriso frio nos lábios. Disse que vinha em nome do pai para verificar os relatórios de prestação de contas dos projetos apoiados pela prefeitura. Mas não era só isso. Cada palavra dela parecia um teste, uma provocação velada.
— Espero que tudo esteja certo... Seria uma pena se projetos tão bonitos perdessem apoio por erros burocráticos — disse ela, olhando diretamente para Eduardo.
Laís, que organizava alguns papéis ali perto, sentiu o sangue ferver. Mas respirou fundo e preferiu o silêncio. Eduardo, por sua vez, manteve o olhar firme.
— A ONG é transparente. E se houver qualquer dúvida, estamos disponíveis — respondeu.
Clara sorriu, mas seus olhos estavam carregados de