Milão era uma vitrine de luxo e fachada. Enzo sabia disso melhor do que qualquer um. Sentado à mesa de um restaurante chique na zona nobre, girava o copo de vinho sem beber, os olhos fixos na taça como se ela fosse esconder a verdade que ele caçava havia semanas.
Uma mulher elegante sentou-se de frente para ele. Alta, cabelo escuro preso com perfeição, olhar felino. Um Scarlatti. Era o que ela não dizia, mas transpirava.
— Agradeço por aceitar me encontrar — disse Enzo, contido.
Ela sorriu com os lábios, não com os olhos.
— Os Scarlatti estão em silêncio por escolha própria. Mas toda escolha tem um motivo.
Enzo girou a taça mais uma vez.
— O motivo tem nome?
Ela ergueu a sobrancelha, quase divertindo-se.
— Você ainda acredita que certas pessoas desaparecem sem deixar rastro? Digamos que desde o sumiço de um certo “L”, muita coisa mudou. O tabuleiro está diferente, senhor Bianchi. E você está atrasado.
Enzo manteve o rosto neutro, mas a mão apertou com mais força a base da taça. Antes