Narrado por Victor
Sábado. Feira na rua. Eu e Isabela compramos tomates, quiabo, um maço de coentro. Um vendedor cantou o preço com rima e sorriso. Eu guardei isso como quem guarda remédio bom. No caminho de volta, um rapaz me parou: “Sou do Cicatrizes, mandei uma história que vocês não publicaram.” O corpo endureceu. “Sinto muito se demoramos”, eu disse. Ele balançou a cabeça: “Não quero cobrança. Só dizer que, mesmo sem publicar, mudou o que acontece dentro de casa.” Suspirei de alívio. Nem todo retorno precisa vir do palco.Em casa, montamos o céu do quebra-cabeça. Duas peças insistiam em parecer iguais. Isabela, paciente, achou a diferença mínima de azul. “Olha a borda”, ela disse. Voltei ao caderno e escrevi: “Olhar a borda é um jeito de achar lugar.” Depois, sentei para responder e-mails. Um era de um grupo do interior pedindo ajuda para um encontro local. Marcamos uma videochamada. Dei o básico: checklist de segurança emocional, lista de profissionais parcei